A
vida nos prega algumas inesperadas 'peças' de muita tristeza.
No
domingo de 11 de junho de 2023, ainda no período da tarde, comecei a
encontrar dificuldades para urinar, apresentar quadro de sonolência,
suspeita de febre, condições que se estenderam durante à noite.
Isso
ensejou que no dia seguinte - segunda-feira, dia 12 -, logo pela
manhã, me dirigisse ao Pronto Socorro do Hospital Samaritano de
Campinas, ocasião que, ao ser consultado pelo médico Henrique
Alfaro Piovesana, foi acusado o diagnóstico inicial de infecção de
urina, com prescrição dos medicamentos ciprofloxacina 500m, duas
vezes ao dia, com duração de uma semana; além do paracetamol,
igualmente duas vezes ao dia.
Foi
uma segunda-feira marcada por sonolência, que se estendeu até à
noite, com poucas variações para a terça-feira 13.
Na
quarta-feira, dia 14, a urina não saía, apesar do esforço, a
barriga permanecia dolorida e as fezes também foram afetadas, pois
expelia apenas pequena massa ou gosma, o que sugeriu, logo pela
manhã, retorno ao Hospital Samaritano.
Lá,
embora reclamasse do quadro de aumento de dor na região abdominal, o
atendimento médico foi demorado. E quando ocorreu, foi determinado o
esvaziamento da bexiga, com colocação de uma sonda provisória a
partir do pênis que, esvaziada, provocou sensação de alívio.
Incontinenti
me liberaram, com recomendação para que continuasse o tratamento
através de antibiótico.
Ainda
na quarta-feira 14, com restrições para saída do xixi e cocô,
regiões lombar, peniana e ânus doloridos, irremediavelmente tive
que retornar ao PS do Hospital Samaritano no período noturno, quando
se constatou entupimento no canal da urina e indicativo de instalação
de nova sonda, sem data determinada para retirada, visando o
escoamento da urina.
DR.
USAMU
Por
sorte, já havia pré-agendamento de consulta ao meu médico
urologista, Dr. Usamu, para a quinta-feira dia 15.
Aí,
recorrendo-se ao histórico de exames anteriores com tomografia
recente do Hospital Samaritano, foi constatada a necessidade de
cirurgia de próstata, visivelmente aumentada.
O
encaminhamento cirúrgico ficou dependente de exames clínicos de
praxe, ultrassom e avaliação cardíaca pré-operatória, de meu
médico na especialidade.
Na
ocasião, todo meu deslocamento de locais havia sido feito com a
manutenção da incômoda sonda.
Assim,
na base do medicamento paracetamol, como atenuante para dor, cumpri a
agenda de exames, no aguardo do retorno de consulta com o urologista
agendada para o dia 22 de junho, novamente uma quinta-feira.
AGONIZANTE
O
período de espera foi agonizante, devido à persistente dificuldade
para urinar, acrescentada de dores e incrível incômodo para sentar
em quaisquer das acomodações, seja cadeira ou sofá.
E
aquela situação foi se arrastando até o retorno da consulta ao
urologista, programado para o dia 22, com verificação de resultados
dos exames indicados e confirmação da previsão de cirurgia.
De
imediato, o médico recorreu à indicação de guia para o processo
cirúrgico, que deveria ser protocolada na unidade Unimed Campinas.
DESENCONTRO
A
partir daí começava um novo e tenebroso capítulo até a aprovação
da guia de internação.
Ainda
naquela quinta-feira, 22, com guia extraída pelo urologista e
encaminhada à Unimed, não foi observada a necessidade de urgência,
o que implicaria em avaliação do pedido com prolongamento de cinco
dias úteis.
Aí
procuramos, através de argumentos, acentuar a necessidade de
urgência, mas a validade desta afirmação teria que partir do
médico, ponderou a recepcionista da Unimed.
Logo,
o jeito foi retornar ao consultório do urologista e detalhar a
situação, com pedido de urgência, mas na prática, em vez de
substituição da guia, apenas foi anexada uma carta - escrita à mão
- com esclarecimento da urgência no processo, que para a Unimed
teria sido procedimento equivocado.
Foi
válida a iniciativa da recepcionista da Unimed ao telefonar para o
urologista, ocasião em que assumiu a responsabilidade de urgência
para liberação da guia, em posição que favoreceu se discutir a
viabilidade de liberação, ainda assim com contorno de marcha e
contramarcha, pois o pleiteado foge dos padrões de atendimento da
Unimed.
O
fato é que a tentativa de acomodação daquela situação se
arrastou por mais dois dias - até 24 de junho -, quando foi adotado
o tal jeitinho para liberação da esperada guia através da Unimed,
e consequente confirmação do agendamento da cirurgia para o dia 29
de junho
INTERNAÇÃO
Como
indicado, no dia 28, quarta-feira, cumpri a agenda de apresentação
no Centro Médico de Campinas para entrevista com anestesista,
visando informações de praxe sobre uso contínuo de remédios e
aqueles com os quais já foram acusadas restrições.
Dia
29 de junho, uma quinta-feira, programado para internação no Centro
Médico Campinas, cumpri a determinação de me apresentar no local
às seis horas da madrugada, fato que provocou o despertar do sono às
4h30, no aguardo da filha Ariane que nos transportaria ao hospital.
No
horário determinado, me apresentando na recepção, surgiu a
informação do adiamento do horário da cirurgia de próstata,
passando das 7h para 9h30.
De
praxe, precedendo o processo da cirurgia, foi aplicada uma anestesia
nas costas, tida como procedimento que provoca engessamento dos
movimentos abaixo da linha da cintura.
Ao
término da cirurgia, por volta das 11h30, dirigiram-me ao salão
pós-operação, para restabelecimento.
PERNAS
PARALISADAS
Para
surpresa, minhas pernas continuaram paralisadas por cerca de duas
horas e, quando da retomada dos movimentos, surgiu a inoportuna
orientação que precisava aguardar por liberação de leito, para o
devido encaminhamento. E isso ocorreu cerca de uma hora depois.
Com
retomada plena dos movimentos, passei a sentir os efeitos da
cirurgia, reffletidos em dores no canal da urina e incômoda pressão
na região anal.
Na
cama em que fui direcionado no hospital, foi iniciado um processo de
lavagem da bexiga e canal do pênis, através de bolsas contendo
soro, com escoamento através da sonda.
E
o drama persistia. Apesar do consumo das refeições oferecidas, não
conseguia defecar, e o sangramento na urina provocava sensação de
desconforto.
Assim,
naquele clima de apreensão, o sono custava a chegar, e quando
ocorria acabava interrompido pela pressão quer para urinar, quer
para o cocô, sem que se consumasse.
Assim,
aquela sina se arrastou durante toda madrugada.
SANGRAMENTO
No
amanhecer da sexta-feira, 30 de junho, de surpresa entrou no quarto
um médico cujo nome não identifiquei, que integra a equipe do Dr.
Usamu.
Ao
constatar a bolsa retentora de urina colorida, devido ao sangramento,
de imediato a informação foi pessimista, com possibilidade de
prolongamento da internação até domingo, dia 1º de julho, na
hipótese de não haver reversão daquele quadro, sem a devida
limpeza na urina.
O
médico assistente tomou a decisão de fechar a rota de ingestão do
soro à bexiga, e determinou que o processo de limpeza passaria a ser
observado através de consumo abundante de água.
Ao
seguir recomendação médica e com inserção de medicamentos de
combate a dores, gradualmente elas foram reduzidas, sem que isso
impedisse, repentinamente, a pressão quer para urinar, quer para
expelir gases, uma característica básica do meu intestino.
CAMINHADAS
No
período da tarde, com semblante de sinais menos desanimadores,
arrisquei breve caminhada por corredores do hospital, em obediência
à orientação médica.
Aquele
incentivo até sugeriu mais apetite às refeições e lanches,
geralmente servidos em horários que precedem o convencional.
Foi
uma sexta-feira em que por duas vezes me dirigi ao sanitário para
fazer cocô, com reflexo de desafogo na barriga.
No
sábado pela manhã, com a constatação da urina expelida da bexiga
com cor basicamente amarelada, Dr. Usamu, que havia tomado iniciativa
de reavaliação clínica, optou pela alta hospitalar, com
recomendações de praxe sobre repouso e severo cumprimento de
ingestão dos medicamentos prescritos.
Orientada,
a enfermeira Vanessa fez a retirada da sonda e a persistente pressão
para urinar indicou que preventivamente deveria me precaver com uso
de frauda, para evitar que vazamento de urina encardisse o carro de
minha filha, incumbida do transporte de retorno à minha residência.