domingo, 6 de outubro de 2024

Ainda se vota por influência parecida de 'santinhos' jogados nas ruas

 

Como o País parou literalmente para as eleições municipais, logo o futebol foi relegado. Assim, seguimos com as notas que a banda toca neste domingo.

Desde que me entendo por gente, ainda molequinho e de calças curtas, já achava estranho eleitor semianalfabeto, e consequentemente desinformado, apanhar aleatoriamente um 'santinho' com número de candidato, daquela 'lixeira' esparramada em ruas próximas a colégios eleitorais, como opção para copiar o voto ainda em cédula de papel.

Se aquela ingenuidade me constrangia, décadas foram se passando e jamais esperava que pessoas letradas, com pleno discernimento do certo e errado, não só contrariam a normalidade como ainda tornam-se instrumento de cumplicidade ao mal feito.

Dá para engolir o ingênuo, facilmente manipulado, mas pessoas que ajudam a eleger quem não vale o feijão de come é dolorido.

VEREADOR

No jogo eleitoral, impressiona constatar pessoas supostamente esclarecidas sem capacidade de distinguir o real papel do vereador.

Deixam-se enganar por 'favorzinho' de encaminhamento para se tapar buraco de rua, poda de árvore, ou reivindicações diversas de menor escala, possíveis de atendimento.

Outrora, o munícipe dirigia-se diretamente às chamadas administrações regionais da cidade, para as devidas reclamações e reivindicações, sem a interferência do vereador, que habilmente viu no processo de intermediação a captura de mais um voto visando futuras eleições.

Assim surgiu o batismo de 'vereador do bairro', como se a atribuição essencial dele não fosse legislar, fiscalizar a postura do executivo.

Na prática, vereador deveria ser um estudioso de problemas de abrangência na cidade, e consequentemente apresentar projetos de correção de curso ou de implementação.

REAJUSTE DE SUBSÍDIO

Durante este processo eleitoral, não foi devidamente recapitulado que vários dos vereadores que pediram o seu voto reajustaram os próprios subsídios em 76,7%, para vigência a partir de primeiro de janeiro, o que eleva o ganho de R$ 10.070,86 para R$ 17.800,00 por mês.

Quando da aprovação do projeto em dezembro do ano passado, veículos de comunicação cumpriram o real papel da informação, mas agora, quando se cabia a recapitulação da pauta, com os respectivos nomes daqueles que votaram favoravelmente, a maioria não se dispôs a repeti-la.

Assim, se você discorda do alto percentual de reajuste, saiba que já 'boiou', pois agora 'Inês é morta'.

Natural e concebível se aplicar reajustes a quaisquer das funções exercidas, mas quase 77%?


domingo, 10 de março de 2024

Eleições 2024

 Já aviso que o texto é longo, mas vale a pena perder alguns minutos.

No dia seis de outubro o eleitor de Campinas vai escolher prefeito e deveria renovar quase por completo o legislativo.

Os caras já estão em campanha antecipada e o trouxa do eleitor se ilude com um favorzinho aqui e acolá, como se não fosse obrigação do vereador interceder para evitar desajustes nos bairros.

Na minha adolescência, comecei a testemunhar catimbas e mentiras bem antes da deflagração do processo eleitoral.

Está bem vivo na memória o pleito municipal de 1968, quando o saudoso jornalista e político Romeu Santini, da antiga sigla Arena, tido como favorito naquela eleição a prefeito, discursava na Rua Abolição, esquina de Ângelo Simões, no bairro Ponte Preta, como favorito.

Todavia, manobras inerentes à política provocaram tremenda reviravolta de última hora, e programadas pelo catimbeiro adversário Orestes Quércia, do MDB, também falecido, à época vereador cobiçando o executivo.

Quércia infestou a cidade com milhares de panfletos apócrifos, acusando Santini de projeto para acabar com as feiras livres em Campinas, assim como proposta para asfaltar as então ruas pavimentadas por paralalepípedos do nobre bairro Nova Campinas.

Aquilo provocou tremendo alvoroço na cidade e Quércia virou o jogo, vencendo aquelas eleições.

Apesar da falcatrua, Campinas prosperou nas mãos dele.

Cumpriu promessa de campanha para construção do imponente prédio da prefeitura, na Avenida Anchieta. Provocou revolução no tratamento de água. Executou o plano diretor de esgoto. Instalou praças de esportes em bairros populosos e procedeu urbanização na então abandonada área do Parque Taquaral, identificada como Lagoa do Taquaral.

De lá pra cá, o que mais tenho visto são promessas em vão de candidato mentiroso, que quer esfregar na sua cara coisa que ele não fez.

Portanto, quando o vereador vier com papo furado que ajudou o seu bairro nisso ou naquilo, esfregue na cara dele a cumplicidade para aprovação do projeto que provoca reajuste nos subsídios para prefeito, secretários municipais, servidores públicos e proporcionalmente para ele, vereador.

A partir de 2025, o prefeito vai receber reajuste de 59,2%, enquanto os vereadores passarão a ter aumento proporcional. Eles também votaram em causa própria, com a criação de férias remuneradas.

Logo, para aumentar a arrecadação municipal, visando quitação desses compromissos, é evidente que haverá aumento de valores do já salgado IPTU.

Vai vendo!

Já que você não tinha essas informações, necessário que seja devidamente informado, para não ser manobrado.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Que Natal, hein! Que presente de grego antecipado!

Não dá pra fingir e lhe atribuir um feliz natal se as coisas erradas estão elevadas ao quadrado e pessoas com devida sensibilidade estão inquietas.

Calma! Antes que você diga que uma coisa não tem nada a ver com outra, que Natal é dia santificado, de celebração familiar, etc., respeito a sua posição, mas como engolir o presente de grego antecipado que recebemos?

Entre eles me incluo. O Natal foi pro brejo. Não dá pra fingir que uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa, frase creditada ao ex-centroavante Dadá Maravilha.

Doeu profundamente aquele embrulho que, ao ser aberto, continha espinhos e outras coisas desagradáveis.

Aos cristão e tementes a Deus, o desejo que um dia após o outro seja repleto de bençãos divinas, principalmente saúde.

LUTO

Parafraseando o senador Magno Malto, em brilhante discurso, também estou de luto. E quem está de luto não participa de festa.

Como pretender um Natal felicitativo se infelizmente quis a história que me transformasse em pessoa minimamente esclarecida, o suficiente para discernimento do correto e absurdo.

Hoje, septuagenário, com minhas atribuições jornalísticas restritas a poucas produções - a principal delas este blog -, divido o tempo com uso de idênticas ferramentas usadas pelo caboclo do mato. Com animais, aprendi o quão vale a ingenuidade deles, se comparada a perversidade do humano.

É aí que imagino se mal dominasse o abecedário - como a maioria dos capinadores - não seria o mais recomendável.

De certo o caboclo do mato se machuca menos e até ignora as arranhaduras provocadas pela insensatêz humana, ou melhor: nos meios políticos.

Quis a vida que eu aprendesse distinguir pessoas que se desvincularam dos bons costumes ensinados pelos pais, que relativizaram esse troço chamado vergonha e, ao se introduzirem na vida política, refletem neste imbróglio.

Assim, marcar gol contra ou gol a favor, para eles dá na mesma.

E já que nos reserva apenas a alternativa de lamentar, lamentemos! 


segunda-feira, 3 de julho de 2023

Drama de uma cirurgia de próstata


A vida nos prega algumas inesperadas 'peças' de muita tristeza.

No domingo de 11 de junho de 2023, ainda no período da tarde, comecei a encontrar dificuldades para urinar, apresentar quadro de sonolência, suspeita de febre, condições que se estenderam durante à noite.

Isso ensejou que no dia seguinte - segunda-feira, dia 12 -, logo pela manhã, me dirigisse ao Pronto Socorro do Hospital Samaritano de Campinas, ocasião que, ao ser consultado pelo médico Henrique Alfaro Piovesana, foi acusado o diagnóstico inicial de infecção de urina, com prescrição dos medicamentos ciprofloxacina 500m, duas vezes ao dia, com duração de uma semana; além do paracetamol, igualmente duas vezes ao dia.

Foi uma segunda-feira marcada por sonolência, que se estendeu até à noite, com poucas variações para a terça-feira 13.

Na quarta-feira, dia 14, a urina não saía, apesar do esforço, a barriga permanecia dolorida e as fezes também foram afetadas, pois expelia apenas pequena massa ou gosma, o que sugeriu, logo pela manhã, retorno ao Hospital Samaritano.

Lá, embora reclamasse do quadro de aumento de dor na região abdominal, o atendimento médico foi demorado. E quando ocorreu, foi determinado o esvaziamento da bexiga, com colocação de uma sonda provisória a partir do pênis que, esvaziada, provocou sensação de alívio.

Incontinenti me liberaram, com recomendação para que continuasse o tratamento através de antibiótico.

Ainda na quarta-feira 14, com restrições para saída do xixi e cocô, regiões lombar, peniana e ânus doloridos, irremediavelmente tive que retornar ao PS do Hospital Samaritano no período noturno, quando se constatou entupimento no canal da urina e indicativo de instalação de nova sonda, sem data determinada para retirada, visando o escoamento da urina.

DR. USAMU

Por sorte, já havia pré-agendamento de consulta ao meu médico urologista, Dr. Usamu, para a quinta-feira dia 15.

Aí, recorrendo-se ao histórico de exames anteriores com tomografia recente do Hospital Samaritano, foi constatada a necessidade de cirurgia de próstata, visivelmente aumentada.

O encaminhamento cirúrgico ficou dependente de exames clínicos de praxe, ultrassom e avaliação cardíaca pré-operatória, de meu médico na especialidade.

Na ocasião, todo meu deslocamento de locais havia sido feito com a manutenção da incômoda sonda.

Assim, na base do medicamento paracetamol, como atenuante para dor, cumpri a agenda de exames, no aguardo do retorno de consulta com o urologista agendada para o dia 22 de junho, novamente uma quinta-feira.

AGONIZANTE

O período de espera foi agonizante, devido à persistente dificuldade para urinar, acrescentada de dores e incrível incômodo para sentar em quaisquer das acomodações, seja cadeira ou sofá.

E aquela situação foi se arrastando até o retorno da consulta ao urologista, programado para o dia 22, com verificação de resultados dos exames indicados e confirmação da previsão de cirurgia.

De imediato, o médico recorreu à indicação de guia para o processo cirúrgico, que deveria ser protocolada na unidade Unimed Campinas.

DESENCONTRO

A partir daí começava um novo e tenebroso capítulo até a aprovação da guia de internação.

Ainda naquela quinta-feira, 22, com guia extraída pelo urologista e encaminhada à Unimed, não foi observada a necessidade de urgência, o que implicaria em avaliação do pedido com prolongamento de cinco dias úteis.

Aí procuramos, através de argumentos, acentuar a necessidade de urgência, mas a validade desta afirmação teria que partir do médico, ponderou a recepcionista da Unimed.

Logo, o jeito foi retornar ao consultório do urologista e detalhar a situação, com pedido de urgência, mas na prática, em vez de substituição da guia, apenas foi anexada uma carta - escrita à mão - com esclarecimento da urgência no processo, que para a Unimed teria sido procedimento equivocado.

Foi válida a iniciativa da recepcionista da Unimed ao telefonar para o urologista, ocasião em que assumiu a responsabilidade de urgência para liberação da guia, em posição que favoreceu se discutir a viabilidade de liberação, ainda assim com contorno de marcha e contramarcha, pois o pleiteado foge dos padrões de atendimento da Unimed.

O fato é que a tentativa de acomodação daquela situação se arrastou por mais dois dias - até 24 de junho -, quando foi adotado o tal jeitinho para liberação da esperada guia através da Unimed, e consequente confirmação do agendamento da cirurgia para o dia 29 de junho

INTERNAÇÃO

Como indicado, no dia 28, quarta-feira, cumpri a agenda de apresentação no Centro Médico de Campinas para entrevista com anestesista, visando informações de praxe sobre uso contínuo de remédios e aqueles com os quais já foram acusadas restrições.

Dia 29 de junho, uma quinta-feira, programado para internação no Centro Médico Campinas, cumpri a determinação de me apresentar no local às seis horas da madrugada, fato que provocou o despertar do sono às 4h30, no aguardo da filha Ariane que nos transportaria ao hospital.

No horário determinado, me apresentando na recepção, surgiu a informação do adiamento do horário da cirurgia de próstata, passando das 7h para 9h30.

De praxe, precedendo o processo da cirurgia, foi aplicada uma anestesia nas costas, tida como procedimento que provoca engessamento dos movimentos abaixo da linha da cintura.

Ao término da cirurgia, por volta das 11h30, dirigiram-me ao salão pós-operação, para restabelecimento.

PERNAS PARALISADAS

Para surpresa, minhas pernas continuaram paralisadas por cerca de duas horas e, quando da retomada dos movimentos, surgiu a inoportuna orientação que precisava aguardar por liberação de leito, para o devido encaminhamento. E isso ocorreu cerca de uma hora depois.

Com retomada plena dos movimentos, passei a sentir os efeitos da cirurgia, reffletidos em dores no canal da urina e incômoda pressão na região anal.

Na cama em que fui direcionado no hospital, foi iniciado um processo de lavagem da bexiga e canal do pênis, através de bolsas contendo soro, com escoamento através da sonda.

E o drama persistia. Apesar do consumo das refeições oferecidas, não conseguia defecar, e o sangramento na urina provocava sensação de desconforto.

Assim, naquele clima de apreensão, o sono custava a chegar, e quando ocorria acabava interrompido pela pressão quer para urinar, quer para o cocô, sem que se consumasse.

Assim, aquela sina se arrastou durante toda madrugada.

SANGRAMENTO

No amanhecer da sexta-feira, 30 de junho, de surpresa entrou no quarto um médico cujo nome não identifiquei, que integra a equipe do Dr. Usamu.

Ao constatar a bolsa retentora de urina colorida, devido ao sangramento, de imediato a informação foi pessimista, com possibilidade de prolongamento da internação até domingo, dia 1º de julho, na hipótese de não haver reversão daquele quadro, sem a devida limpeza na urina.

O médico assistente tomou a decisão de fechar a rota de ingestão do soro à bexiga, e determinou que o processo de limpeza passaria a ser observado através de consumo abundante de água.

Ao seguir recomendação médica e com inserção de medicamentos de combate a dores, gradualmente elas foram reduzidas, sem que isso impedisse, repentinamente, a pressão quer para urinar, quer para expelir gases, uma característica básica do meu intestino.

CAMINHADAS

No período da tarde, com semblante de sinais menos desanimadores, arrisquei breve caminhada por corredores do hospital, em obediência à orientação médica.

Aquele incentivo até sugeriu mais apetite às refeições e lanches, geralmente servidos em horários que precedem o convencional.

Foi uma sexta-feira em que por duas vezes me dirigi ao sanitário para fazer cocô, com reflexo de desafogo na barriga.

No sábado pela manhã, com a constatação da urina expelida da bexiga com cor basicamente amarelada, Dr. Usamu, que havia tomado iniciativa de reavaliação clínica, optou pela alta hospitalar, com recomendações de praxe sobre repouso e severo cumprimento de ingestão dos medicamentos prescritos.

Orientada, a enfermeira Vanessa fez a retirada da sonda e a persistente pressão para urinar indicou que preventivamente deveria me precaver com uso de frauda, para evitar que vazamento de urina encardisse o carro de minha filha, incumbida do transporte de retorno à minha residência.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Papai Noel ignorou o sapatinho na janela

Mandaram-me colocar um sapatinho na janela até a antevéspera do Natal, na expectativa que o 'barbudaço' Papai Noel traria o presente.

E presente chique, avisaram-me.

Chique?

Nem tanto, mestre!

Desde que fosse um presente justo, representativo, me confortaria.

De certo centenas de milhares de pessoas repetiram o gesto e se zangaram com o homem de vermelho. Justo vermelho!

PROMESSA

Como se ainda estivesse na pré-escola - antigamente chamada de Jardim de Infância -, acreditei na promessa.

Falaram que naquele saco, supostamente pesado, o bom velhinho me presentearia, e que a regalia seria contemplada, por extensão, por incontáveis pessoas.

Contaram-me que o 'bom velhinho', um homem do bem, detesta tramóia, trabalhada e maus costumes.

Acreditei.

Pior é que Papai Noel, um 'ser' supostamente incisivo, deu uma tremenda enrolada. Enrolou tão bem que me fez lembrar aqueles mágicos que escolhem uma carta no molho, posteriormente a embaralha às demais, e por fim, com a perícia característica, jogam-na à mesa.

Logo, restou-me como ensinamento que o sapatinho não deve continuar na janela, pois a insistência vai deixá-lo mofado.

O sapatinho deu tanto azar que, melhor mesmo, é encostá-lo num canto do quartinho no quintal, misturado às ferramentas. Ou então se desfazer dele.

Os caras pedem o seu voto e depois fazem isso

Neste período de entressafra do futebol, prevalecem especulações e palpitômetros relativos aos clubes, embora estejamos a pouco mais de três semanas para a largada da temporada no futebol paulista.

Como fatos de interesse geral estão rolando neste 'Brasilzão' de Deus, cabe sim reflexão sobre eles.

Deputados e senadores com mandatos vigentes aprovaram a tal PEC (Proposta de Emenda Constitucional) batizada de fura-teto, que libera para o próximo governo R$ 168,9 bilhões.

A pretexto de cumprimento de agenda financeira do programa Auxílio Brasil, deram uma espetada ainda maior do programado, e aí você, desavisado, de certo questiona: o que eu tenho a ver com isso?

Ora, se não há previsão concreta de receita para o rombo, qual o caminho de socorro?

O mais viável é que coloquem em prática aquele troço chamado aumento de impostos.

Pois logo logo ele vai bater no seu bolso.

AUMENTO DE SALÁRIOS

Sabe aqueles caras que você depositou confiança para bem gerir o dinheiro público, no legislativo federal?

Pois no apagar das luzes, aos 48 minutos do segundo tempo, deputados e senadores decidiram aumentar o próprio salário, assim como de presidente, vice e ministros da toga.

Se hoje parlamentares recebem R$ 33,7 mil mensalmente - fora incontáveis regalias - a partir de primeiro de janeiro isso sobe para R$ 39.293,32, e assim progressivamente até 2025.

Tá bom pra você?

Pois é, em véspera de eleição você é iludido com aquele papinho de que o fulano vai trabalhar para a saúde, educação, segurança, proteção aos mais pobres e você, ingenuamente, cai na ladainha.

Aí, eleitos, os caras zombam de você com esse gol contra.

Pior da história é que você sequer foi conferir como votaram os seus parlamentares neste tapa na cara.

domingo, 30 de outubro de 2022

Há mais de 50 anos, Quércia já mostrava como a política é um troço de catimba

O caloroso debate presidencial na noite da última sexta-feira, transmitido ao vivo pela Rede Globo de Televisão, lembrou os tempos em que caciques dos principais partidos políticos, nas décadas 80 e 90, por pouco não saíam no braço, durante múltiplas ofensas mútuas, quando debatiam.

Tempos em que Jânio Quadros, Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, Orestes Quércia, Paulo Maluf e Franco Montoro se digladiavam, quando debatiam.

Era um formato em que um candidato invadia espaço da fala do outro, e aquilo se transformava em tremenda bagunça.

MENTIRA

Sexta-feira passada foi o último encontro que candidatos se expuseram na busca do voto para a eleição deste domingo, em todo País.

No debate, a palavra mais pronunciada pelos candidatos Jair Bolsonaro e Lula, ao segundo turno da eleição a presidente da República, foi o substantivo masculino mentiroso.

Quem mentiu, se mais ou menos, fica por conta de sua dedução. Aquele 'ringue' me fez lembrar como a política é catimbada, como enfrentamento dos prefeituráveis de Campinas na eleição de 1968, na minha adolescência.

Viajo no tempo para recordar comícios realizados naquela época, como aquele em que o saudoso jornalista e político Romeu Santini, da sigla Arena, tido como favorito naquela eleição, discursava na então interditada Rua Abolição, esquina com Ângelo Simões, no bairro Ponte Preta, como a projetar a sua vitória.

Todavia, manobras inerentes à política provocaram tremenda reviravolta de última hora, e programadas pelo catimbeiro adversário Orestes Quércia, do MDB, já falecido, à época vereador cobiçando cargo mais alto.

O que fez o catimbeiro Quércia?

PANFLETOS

Sujou a cidade com milhares de panfletos apócrifos espalhados pelas ruas, acusando Santini de projeto para acabar com as feiras livres em Campinas, assim como proposta para asfaltar as então ruas pavimentadas por paralalepípedos do nobre bairro Nova Campinas.

Aquilo provocou tremendo alvoroço na cidade, com Quércia vencendo aquelas eleições para, incontinenti, surpreender com revolucionária administração municipal em Campinas.

Quem duvidou viu o cumprimento de promessa de campanha à construção do imponente prédio da prefeitura, na Avenida Anchieta.

Quércia provocou revolução no tratamento de água, plano diretor de esgoto, instalação de praças de esportes em bairros populosos e urbanização na então abandonada área do Parque Taquaral, identificada como Lagoa do Taquaral.

A sequência da trajetória dele na política como governador, senador e candidato à presidência da República é sobejamente conhecida, assim como denúncias de mau uso do dinheiro público enquanto gestor.

Esse breve relato sobre Quércia é uma amostragem que depois de meu acompanhamento na política há cinco décadas, tudo continua como Dantes, no quartel de Abrantes: catimba e 'mentiradas'.

Nem por isso devemos nos dissociar dela, sob pena de os homens do poder continuarem com viciadas falcatruas.